sábado, 16 de junho de 2012

Vida II

Um dia andei lindo e solto
Minhas margens esverdeadas,
Borboletas multicoloridas...
Pássaros em mergulhos
Peixes mil em mim vivendo
A sede dos homens saciando e,
Deles sempre esperando
Proteção e amor sem ser revolto.

Um dia em minhas águas jogaram
Produtos químicos e muito lixo
As doses dia-a-dia aumentaram
Toda a minha vida envenenaram
Todos os peixes morreram.
As borboletas nunca mais voaram
Minhas margens descoloridas
Chagas vivas, muitas feridas...
Carcaças de animais apodrecidos
Meus microorganismos assassinados
Águas densas, leitosas, esbranquiçadas
Os homens nunca mais em mim beberam
As aragens de outrora, meu frescor
Sumariamente banidos, agora fedor.
Todos os meus veios poluídos
Minhas margens agora mortas
Sem bentevis, sem saracuras
Plantas secas, muitas agruras,
Pedem socorro aos responsáveis.
Dêem-me a vida, é um direito!
Tirem a lama do meu leito!
Me desentulhem para ser livre
Limpem minhas águas para beberem,

Como outrora os índios fizeram.
Muitas árvores à minha beira
Formando uma verde trincheira
Fazendo sombras e bem-estar
Para quem ali quiser descansar,
Para a mãe o filho amamentar.
Para em paz, ali, um dia
Um oásis, um paraíso assim formar.
Trazer anjos para cuidar,
Aos agressores castigar
Águas livres, cristalinas,
Microorganismos se multiplicando
A vida de novo efervecendo
Os homens naquilo entendendo
A minha missão então voltando
E a todos os fins então servindo.

Poesia criada por ocasião da Gincana "Vale Vida", no Vale do Taquari, em Arroio do Meio, outubro de 1994.

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